Liderança Feminina no Setor de Saneamento

Instituto Mulheres do Saneamento – MUSAS

O setor de saneamento no Brasil ainda apresenta um quadro de desigualdade significativo quando se trata de mulheres em cargos de alta gestão. Um levantamento realizado pelo Instituto Mulheres do Saneamento – MUSAS apontou que, entre as empresas prestadoras de serviços analisadas, apenas 15,73% dos cargos de diretoria são ocupados por mulheres

O dado, longe de representar um avanço, evidencia um retrocesso em relação a anos anteriores (em 2020 o mesmo levantamento demonstrou que esse percentual era de 20,2%), revelando que a presença feminina nos mais altos níveis de decisão continua vulnerável às oscilações da política corporativa e à ausência de políticas estruturadas de equidade de gênero.

Avanços na média gestão

Apesar do retrocesso na alta gestão, o estudo identificou avanços consistentes na média gestão (coordenações, supervisões, gerências e superintendências). Em diversas empresas:

  • O percentual de mulheres nessas funções supera 30%, chegando a mais de 40% em alguns casos;
  • Há crescimento no número de mulheres liderando áreas técnicas, tradicionalmente masculinas;
  • Iniciativas de mentoria e redes internas têm fortalecido a trajetória profissional feminina.

Esses avanços demonstram que há uma base de liderança feminina, o que pode gerar, nos próximos anos, um aumento natural da presença de mulheres na alta gestão — desde que existam políticas que facilitem essa transição e reduzam as barreiras estruturalmente e equivocadamente instituídas.

O papel do MUSAS

O Instituto Mulheres do Saneamento – MUSAS atua para transformar esse cenário, promovendo:

  • Capacitação e qualificação profissional;
  • Programas de mentoria para mulheres em posições estratégicas;
  • Articulação com empresas para implementação de políticas de diversidade;
  • Monitoramento e divulgação de indicadores de representatividade feminina no setor.

Chamado à ação

O retrocesso revelado pelo dado de 15,73% na alta gestão é um alerta. Sem ações concretas, a evolução observada na média gestão corre o risco de não se converter em maior representatividade no topo das organizações.

O objetivo é claro: atingir pelo menos 30% de mulheres na alta gestão até 2030, aproveitando o impulso positivo da média gestão e garantindo que talento e competência sejam os principais critérios de promoção, independentemente de gênero.

Participação feminina em cargos de liderança no setor de saneamento

Embora dados específicos sobre a presença feminina em cargos de liderança no setor de saneamento sejam limitados, algumas empresas têm se destacado nesse aspecto. A Iguá Saneamento possui atualmente 35% de mulheres em cargos de liderança.

Entre as empresas pesquisadas de atuação estadual, a Sabesp apresenta o melhor percentual de participação feminina na diretoria: 4 mulheres entre 12 diretores. Embora sejam os casos mais expressivos identificados, o número ainda está distante da paridade e reforça a urgência de ações mais efetivas.

 Perspectivas futuras

O movimento “Elas Lideram 2030”, apoiado pela ONU Mulheres e pelo Pacto Global da ONU Brasil, busca comprometer empresas a alcançar 50% de mulheres em cargos de alta liderança até 2030. Esse movimento reflete uma tendência crescente de valorização da liderança feminina e pode influenciar positivamente o setor de saneamento, incentivando a implementação de políticas mais inclusivas e equitativas .

A participação feminina em cargos de liderança no setor de saneamento no Brasil apresenta avanços significativos, embora ainda haja desafios a serem superados.

Instituto Mulheres do Saneamento – MUSAS

30 de abril de 2025.